Em meio a temores de que mais
empresas venham a ser estatizadas
pelo governo argentino - à exemplo
do que ocorreu na última segunda-
feira com a petrolífera Repsol-YPF -
especialistas ouvidos pela BBC
acreditam ser "pouco provável" uma
eventual expropriação "em massa"
dos ativos da Petrobras, dado o
tamanho da relação entre Brasil e
Argentina. » Entenda como a
Argentina quer estatizar a petrolífera
YPFA hipótese, entretanto, não foi
descartada. Mas para eles, enquanto
a reestatização da Repsol-YPF,
privatizada em 1999 durante o
governo de Carlos Menem
(1989-1999) se deveu não só a
critérios econômicos, mas também
políticos, uma intervenção na
Petrobras poderia prenunciar uma
crise diplomática com o Brasil, que
tem, hoje, grande importância
econômica para a Argentina."O
Brasil é hoje o principal destino das
exportações argentinas. Acho pouco
provável, portanto, que a Argentina
compre briga com seu parceiro
comercial mais importante", disse a
BBC Jean Paul Prates, diretor-geral
do Centro de Estratégias em
Recursos Naturais e Energia (CERNE)
e ex-secretário de energia do Rio
Grande do Norte."Além disso, a
estatização da YPF mexe com o
nacionalismo argentino, pois a
companhia foi uma das primeiras
estatais do gênero no mundo",
acrescentou. No ano passado, o
fluxo de comércio entre Brasil e
Argentina somou US$ 39,6
bilhões.No entanto, com uma
política interna que dá às empresas
uma remuneração muito abaixo da
cotação internacional e que exerce
um ferrenho controle dos preços,
os ativos de inúmeras companhias
privadas na Argentina tem sofrido
forte desvalorização.Assim, na
hipótese do governo argentino levar
adiante tal estratégia, a Petrobras
poderia querer "negociar" a venda
de seus ativos, mediante
remuneração "pelo valor de
mercado". "A Petrobras pode,
eventualmente, aproveitar o atual
momento para se desfazer de
alguns ativos na Argentina e, assim,
levar adiante seu plano para o
Brasil", disse a BBC Armando
Guedes Coelho, ex-presidente da
Petrobras.O plano em questão é o
"pré-sal". Nos últimos meses, a
petrolífera brasileira tem vendido
vários ativos no exterior com o
propósito de fazer caixa para se
concentrar na operação brasileira
de exploração do pré-sal,
considerada a principal fronteira
energética brasileira pelos próximos
anos. Em maio de 2011, a Petrobras
deu o primeiro passo nesse sentido
ao vender a refinaria de San
Lorenzo, Argentina, e parte de sua
rede de postos de gasolina, que
hoje inclui 300 unidades.A
petrolífera, no entanto, não
confirma ter planos de sair da
Argentina, nem reduzir suas
operações no país. No ano passado,
por exemplo, investiu, somente em
exploração e produção de petróleo
e gás, US$ 344 milhões, alta de 54%
em relação a 2010.Decisão unilateral
Ainda que uma expropriação dos
ativos da Petrobras nos mesmos
moldes do que aconteceu com a
Repsol esteja, por ora, descartada,
não agradou à companhia brasileira
a decisão unilateral da província de
Neuquén, anunciada no início deste
mês, de decretar o cancelamento da
concessão de exploração de três
campos de petróleo, um deles
pertencente à Petrobras ("Veta
Escondida").Até dezembro do ano
passado, a Petrobras mantinha 17
poços em produção de gás não
convencional na região, com uma
produção diária de 7,8 mil barris/
dia. No campo de 'Veta Escondida',
a petrolífera brasileira, como
operadora, possuía 55% da
concessão e alega que havia feito,
nos últimos três anos, investimentos
da ordem de US$ 10 milhões.Na
ocasião, o governo da província de
Neuquén justificou sua decisão
afirmando que a área permanecia
sem produção e com investimentos
insuficientes. Para discutir o
imbróglio, está prevista uma reunião
para a próxima sexta-feira, 20, entre
a presidente da Petrobras, Graça
Foster, e o ministro do
Planejamento argentino, Julio de
Vido.Ainda não há confirmação de
um local definido para o encontro,
mas fontes disseram a BBC que a
reunião acontecerá na capital
argentina, Buenos Aires.Presença na
Argentina
A Petrobras opera na Argentina
desde 1993. No ano passado,
respondeu por 6% da exploração e
14,1% do refino de petróleo e
derivados no país. Em 2011, o
faturamento da companhia foi de
704 milhões de pesos (à época, US$
164 milhões), alta de 15%. A
produção de petróleo e gás gira em
torno de uma média de 85,8 mil
barris de petróleo equivalente por
dia.
por: BBC Brasil
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